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Elk escreve sobre escrever
Reflexões sobre a experiência e impulso em escrever.
NAVEGUE NO MODO RETRATO

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Assim como um médico pode tratar de diversas doenças, um advogado defender diferentes causas, um pastor aconselhar contraditórios conflitos, também um escritor pode emocionar, informar, noticiar, formar opinião, convencer, vender, confundir, difundir, manipular, também tratar, defender, aconselhar.
Pode ainda se expressar expondo sua alma. Criar um novo mundo ou destrui-lo. Porém, nenhum poder está nas mãos que escrevem, tão somente. O poder está, principalmente, na capacidade de ler e interpretar com corações e mentes.
Somos continuações sem opção para mudar o que nos fez ser o que nos tornamos, mas com liberdade para mudar imediatamente o que nos faz ser o que somos e o que nos tornaremos. O principal, a essência imutável, nós já temos. Ela deve ser conhecida, aceita e não mais esquecida. Temos a oportunidade de trabalhar bem os nossos legados. Bem ou mal, cada um herdará os seus próprios, pelos quais poderá agradecer ou se arrepender. A capacidade de aprender pode ser aumentada na medida em que mais se aprende. Poder escolher é uma grandioso presente.
Uma boa frase não precisa ser explicada, dizem. Mas gosto de metáforas, de imagens que me embarcam em viagens e filmes que acabam sem fim. Como poderia eu não escrever assim? Gosto de provocar, sem a pretensão de fazer pensar igual a mim.
Como flechas lançadas ao horizonte, ou balões que ultrapassam os montes, sejam as palavras uma ponte, trazendo amigos novos e interessantes, tão perto de mim, mesmo distantes.
Imagem de: Kevin Radthorne / Resim & Fotogr
Por isso mesmo, não concordo com tudo o que leio também, não agrego só porque sejam frases de efeito. Por exemplo, aquela frase que diz: "As pessoas são aquilo o que fazem e não o que dizem". Até entendo que está cheio de hipocrisia por aí, mas não devemos ser radicais. Entendamos que o falar é uma manifestação daquilo que o coração pode estar cheio, querendo se efetivar ou se materializar na vida de quem fala. Se eu depender de tudo o que já fiz, e me arrependi, para poder merecer o céu, talvez eu fique no meio do caminho. Porém, sei que aquilo que falo, escrevo, não só me ajudam a auto-afirmar o que acredito e quero acreditar, como também mexe positivamente com as pessoas, para que elas possam sentir, refletir e encontrar o que está dentro de delas, como chaves muito particulares para abrirem os seus próprios céus. Assim, mesmo que eu não valha nada pelo que fiz, faça ou venha a fazer, aquilo que falo me compensará, pela coragem de ter escrito a partir de experiências que vivi, pelo carinho que me retornam, e pelos novos caminhos que nos abrem, para, além de falarmos, também passarmos a fazer. Ainda que eu não mereça o céu pelo que faço, alguém me abrirá as suas portas pelo que escrevo. Gratidão.
Já tive momentos muito cruéis em que cheguei a perguntar a Deus: "Por que não me abre o céu antes que eu possa vir a merecer o inferno?" O tempo passou, e fiquei feliz de novo, querendo nunca mais morrer! O tempo passou, e fiquei muito triste novamente, querendo não mais viver. E o tempo passou e fiquei desconfiado com estes seres inconstantes que são a tristeza e a felicidade. Então, fui indo com ele, aprendendo a não ficar tão eufórico nos extremos. Dizem que isso é o equilíbrio chegando, um ser, digamos, muito equilibrado. Um tanto morno, penso eu. Mas de vez em quando eu o esquento com um sonho novo. Difícil mesmo é esfriar as decepções. Eu as deixo num repouso suave, só para me lembrar de não me apegar demais ao ponto de não conseguir mais soltar. E todos esses textos e posts bacanas que lemos na internet sobre perdão, amor, desapego, consciência, respeito, amizade, superação, espiritualidade, vão ajudando a compor um novo EU. Porque me faz sentir, tanto quanto refletir. São indiretas diretas, tão profundas no peito que até acho que foi um anjo que me fez ler. Não penso que quem escreva sejam anjos. São pessoas como eu, por algum motivo com o dom de escrever mensagens que tocam o coração e consciência de outras.