Elk fala a alma amiga

AMIZADE

Amizade

Tenho grande consideração por pessoas que, quando discordam de mim, falam-me, provocam-me com um ponto de vista diferente, dando-me a oportunidade de ver e aprender algo que eu antes não estaria vendo. Muito diferente de quem sai sem aviso, expectador apenas, tão silenciosa e anonimamente quanto entrou. Não, não gosto de briga. Gosto de debate, de argumentação, de conversas que ganhem o meu respeito, como quem conquista um amigo, e não como quem se coloca numa disputa, onde todos perdem na ilusão de ter vencido ou perdido.
Um bom amigo, também contesta, sem atirar pedras, mas demonstra caso se sinta apedrejado. Um verdadeiro amigo, insiste, não foge nem desiste, de mostrar-me quando estou enganado, dando-nos a ambos a chance de perdoar ou ser perdoado.

Não sou muito dado a palavras imperativas. Se alguém me diz: "Vai, você consegue!" já é motivo para eu não querer mais ir. Sinto-me cobrado e na obrigação de responder à expectativa. Claro que é bom ter torcidas. Mas prefiro ouvir aquilo que prefiro dizer: "Tente, talvez você consiga..." É mais suave, amigável, e não me coloca em estado de ansiedade, inspirando-me confiança e liberdade para decidir o quanto quero tentar. A certeza de um resultado positivo fica por conta da minha vontade, que me dará a perseverança que eu precisar.

Por outro lado, quando a auto-confiança e auto-estima são abalados, às vezes até por uma coisa aparentemente boba, o apoio de amigos pode espelhar o leão adormecido por trás da auto-imagem de um gatinho. Este apoio pode chegar da maneira mais carinhosa, ou através de um chacoalhão nada manso, mas sempre reconhecendo e sabendo fazer-me ver a força e o valor que tenho e não percebo.

Estas são as pessoas a quem devemos valorizar. Gente que se importa com a gente quando nós mesmos não queremos mais nos importar. Gente que diz: "Não vou desistir de você." E não desistem mesmo! Porque acreditam, em vez de cobrar. Pagam pra ver, com sua amizade, aquilo que temos de melhor a desenvolver. E querem em troca, tão somente, que a gente se veja, tal como nos vêem.

Se você tem ao menos um amigo assim, agradeça. Se você é um amigo assim, não espere agradecimentos. Aos amigos que eu tenho assim, eu agradeço. Muito Obrigado!

Querer agradar todo mundo é diferente de querer que todos gostem da gente.
Há quem se agrade sem gostar. Há quem não se agrade, simplesmente.
Há quem ame, incondicionalmente. Mas não há quem goste, gratuitamente.
Gostar requer análise. Amar, não.
E afinidades, não têm explicação. Está na mente, está no espírito, está no ar, no coração.

Chega o dia em que resolvemos viver e desfrutar a vida somente junto àqueles que realmente temos e que espontaneamente por afinidade, vão se juntando à gente. Quem diz que ninguém é de ninguém, nunca se entrega, e não tem a ninguém.
Até mesmo no mundo do comércio, sabe-se que é muito melhor e eficaz cuidar bem dos seus clientes, do que investir em conseguir novos esquecendo ou tratando com displicência os que já tem.
Não é diferente com a família, com os amigos. A diferença é que a estes não se seduz com uma «promoção» de amor. Conquista-se e mantém-se, promovendo o amor, o interesse pelo outro, o perdão e a tolerância constantes.

Grato sou a você, amigo, que não questiona minha felicidade, mesmo quando estou em paz com minha vaidade. Na verdade, amo estar aqui, escrevendo, sabendo que não estou só, porque você está aí.

Na verdade, bastariam poucos dedos para contar aqueles que viriam até mim se, precisando, eu os chamassem. Na verdade, bastam dois dedos para contar quem está aqui, agora. Se é vaidade ter amigos, sejam eles meus espelhos, capazes de chorar e de também rir, comigo. Obrigado, amigo.

É indescritivelmente gratificante quando alguém me surpreende trazendo-me uma resposta para uma dúvida pessoal, sobre a qual meditou, porque a ouviu, se interessou, se preocupou.

Afinidades entre amigos são conexões sagradas. Talvez não haja tempo numa única vida para conhecer todos a quem nos ajustamos ou nos ajustaríamos tão gratuitamente, tão desinteressadamente. Gente que parece já termos conhecido antes, que nos presenteia a amizade de um longo tempo, ainda que num breve instante.